O ministro aposentado do STF (Supremo Tribunal Federal) Celso de Mello afirmou nesta segunda-feira (21) que a revogação dos vistos de integrantes da corte e seus familiares é um ataque do governo Donald Trump contra a democracia brasileira.
"Mais do que uma ofensa sem causa, essa prepotente deliberação governamental americana, apoiada em fundamento destituído de veracidade (mendaz, portanto), ao investir, absurdamente, contra o Supremo Tribunal Federal e os seus íntegros e honrados magistrados, desrespeita, profundamente, o nosso País e a dignidade do povo brasileiro", escreveu o ministro aposentador.
Celso diz que as decisões tomadas pelo governo Trump contra o Brasil na última semana foram tomadas com base em mentiras.
"Não se trata de mera questão econômico-tarifária, mas, isso sim, de deliberado (e gravíssimo) ataque à democracia brasileira e a suas Instituições, motadamente à Corte Suprema do Brasil".
Para o ministro, o ataque é resultado de uma associação entre o governo Trump, a "extrema-direita bolsonarista" e as big techs.
O trio teria o objetivo de "desestruturar o nosso sistema de governo, legitimado pelo modelo de democracia constitucional que o Povo de nosso País implantou após 21 anos de ditadura militar".
Celso ainda disse que Trump tem "desmedida arrogância imperial", sem possuir atributos de um estadista.
No texto divulgado nesta segunda, o ministro aposentado do Supremo também compara o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao ex-primeiro-ministro da Noruega Vidkun Quisling.
Quisling governou o país durante sua ocupação nazista, e ele serviu ao regime. Ele acabou condenado e executado com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945.
"Mais do que nunca, e em razão de recentes eventos (entre os quais, o episódio da revogação de vistos ), torna-se necessário identificar, expor e punir, nos termos da lei e respeitado o direito ao 'due process of law', os 'quislings' nacionais que, ressentidos, despojados de qualquer dignidade e destituídos de qualquer sentimento patriótico de respeito e apreço por nosso país, agem, insidiosa ou explicitamente, contra os superiores interesses do Brasil e do seu povo", conclui Celso.
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