O Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, pediu uma investigação sobre "toda a instituição do Federal Reserve", no mais recente sinal de como altos funcionários da administração Trump estão aumentando a pressão sobre o banco central dos Estados Unidos.
"O que precisamos fazer é examinar toda a instituição do Federal Reserve e verificar se ela tem sido bem-sucedida", disse Bessent à CNBC nesta segunda-feira (21).
Os comentários de Bessent surgem enquanto Donald Trump e seus tenentes têm criticado duramente o Fed e seu presidente Jerome Powell por se absterem de cortar os custos de empréstimos este ano. Trump na semana passada perguntou a um grupo de legisladores republicanos se deveria demitir Powell, mas depois esclareceu que não tinha planos de fazê-lo, a menos que precisasse "afastá-lo por fraude".
O governo de Trump também abriu recentemente uma nova frente em sua campanha contra o Fed, com o diretor de orçamento do presidente, Russell Vought, alegando repetidamente que uma renovação de US$ 2,5 bilhões (R$ 13,9 bilhões) da sede do banco central foi grosseiramente mal administrada.
Bessent intensificou suas críticas ao Fed nesta segunda, dizendo que se a Administração Federal de Aviação tivesse cometido tantos erros, "então voltaríamos e examinaríamos por que isso aconteceu".
O inspetor-geral do Fed está revisando a renovação de sua sede, que envolve uma reforma completa de dois edifícios que dão para o National Mall e está US$ 700 milhões (R$ 3,9 bilhões) acima do orçamento. Powell também escreveu a senadores seniores para explicar como o banco central dos EUA está controlando os custos.
Nesta segunda, o Fed publicou um vídeo com um tour pelos dois edifícios, que foram construídos na década de 1930, que estão passando por obras.
O foco nos planos segue-se a repetidos ataques de Trump a Powell sobre a postura do Fed em relação às taxas de juros, com o presidente rotulando o presidente do banco central de "mula teimosa".
Após implementar 1 ponto percentual em cortes de juros de setembro a dezembro, a maioria dos definidores da taxa quer manter os custos de empréstimos em espera entre 4,25 e 4,5% enquanto avaliam o impacto da guerra comercial do presidente dos EUA sobre a inflação.
O número do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) para junho mostrou que os preços estão subindo no ritmo mais rápido desde fevereiro, com a taxa de inflação geral atingindo 2,7%. Os banqueiros centrais têm lutado para atingir sua meta de 2% desde a pandemia, quando a escassez de suprimentos e o estímulo fiscal recorde da Administração Biden desencadearam o pior surto de inflação em uma geração.
Os economistas estão esperando novos aumentos nas pressões de preços nos próximos meses, mas Trump quer que as taxas sejam reduzidas para até 1%, com o presidente alegando que as políticas do Fed estão aumentando os custos de refinanciamento do governo em centenas de bilhões de dólares.
Bessent alegou que o Fed estava "criando medo sobre tarifas" e disse que os EUA viram "ótimos números de inflação".
Embora a maioria dos investidores não espere que o Fed corte as taxas de juros pelo menos até setembro, alguns funcionários do banco central provavelmente apoiarão custos de empréstimos mais baixos já na próxima semana.
Folha Mercado
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Christopher Waller, um governador do Fed que está na disputa para substituir Powell como presidente, disse que um enfraquecimento do mercado de trabalho dos EUA justifica um corte de 25 pontos base nos custos de empréstimos.
Powell deve deixar seu cargo no comando do banco central mais poderoso do mundo em maio de 2026.
Bessent era visto como outro dos favoritos na corrida para liderar o Fed. Mas Trump disse este mês que estava satisfeito com a posição atual de seu secretário do Tesouro dos EUA, antes de indicar que o presidente do Conselho Econômico Nacional, Kevin Hassett, estava entre os principais candidatos.