Síria anuncia frágil cessar-fogo após conflito entre minorias matar dezenas

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O Ministério da Defesa da Síria anunciou um cessar-fogo na região sul do país nesta terça-feira (15), após negociações iniciadas na véspera conseguirem chegar a um acordo em relação aos combates entre drusos e beduínos que deixaram mais de 100 mortos em dois dias. A estabilidade da trégua, no entanto, ainda é incerta.

Após o anúncio, um comunicado de autoridades religiosas drusas fez um apelo para que os combatentes entregassem as armas sem resistência, mas o influente xeque da minoria Hikmat al-Hajri foi na direção contrária e emitiu uma declaração acusando Damasco de violar o cessar-fogo, instando combatentes a confrontar o governo, do qual é um opositor.

"Estamos sendo submetidos a uma guerra total de extermínio", disse ele em uma declaração em vídeo gravada, convocando todos os drusos "a enfrentar esta campanha bárbara com todos os meios disponíveis".

As dificuldades na trégua revelam um dos principais desafios do governo de Ahmed al-Sharaa, ex-membro de um grupo ligado ao Estado Islâmico e à Al Qaeda que assumiu o poder após a queda do ditador Bashar al-Assad, em dezembro. Além de tentar convencer a comunidade internacional de que se transformou em um líder moderado, ele precisa lidar com o complexo mosaico de etnias e religiões que forma a nação do Oriente Médio e com a rivalidade histórica com Israel.

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Segundo o OSDH (Observatório Sírio para os Direitos Humanos), uma ONG sediada no Reino Unido, confrontos armados e bombardeios em diferentes áreas da província majoritariamente drusa de Sweida mataram 116 pessoas em 48 horas —64 drusos, incluindo duas crianças e duas mulheres, e 52 beduínos e membros das forças de segurança.

De acordo com a organização, a violência teve início após o sequestro de um vendedor de verduras druso por beduínos, levando os confrontos à capital da província pela primeira vez. A tensão no local aumentou após abril, quando combatentes sunitas e residentes drusos armados se enfrentaram. Na ocasião, as tribos beduínas sunitas da província se alinharam com as forças de segurança.

Após o incidente do fim de semana, o governo resolveu entrar em Sweida. Um correspondente da AFP observou nesta terça militares seguindo para o centro da cidade e um deslocamento de artilharia ao redor do local. Durante a tarde, as forças governamentais sírias tomaram o controle de Al Mazraah, um povoado druso localizado nos arredores de Sweida, de acordo com a agência de notícias.

Em meio ao conflito interno, Israel, que já atacou a Síria nos últimos meses sob o pretexto de proteger os drusos, lançou uma nova ofensiva contra forças do governo. Segundo o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, os ataques são "uma clara advertência ao regime sírio". "Não permitiremos que os drusos da Síria sejam prejudicados", afirmou.

Em um comunicado, ele e o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, afirmaram que a presença de forças governamentais sírias em Sweida violava uma política de desmilitarização que pede a abstenção de forças e armas no sul do país que representem uma ameaça a Tel Aviv.

"Israel está comprometido em evitar danos aos drusos na Síria devido à profunda aliança de irmandade com nossos cidadãos drusos em Israel", disseram. "Estamos agindo para impedir que o regime sírio os prejudique e para garantir a desmilitarização da área adjacente à nossa fronteira com a Síria."

Um repórter da agência de notícias Reuters ouviu pelo menos quatro ataques enquanto drones sobrevoavam a cidade e viu um tanque danificado sendo rebocado. Ele também ouviu rajadas de tiros, viu três corpos no chão e presenciou homens em trajes militares queimando e saqueando casas e lojas e ateando fogo a um estabelecimento que vendia álcool.

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