Parlamentares mais alinhados à direita já avaliam destinar parte de suas emendas para reforçar o fundo de crédito que o Ministério da Fazenda estuda criar para socorrer empresários afetados pelo tarifaço dos EUA.
Reservadamente, eles consideram que a ideia seria uma forma de recompor o apoio do empresariado em suas bases eleitorais após o dano causado por Eduardo Bolsonaro nos EUA ao tentar apoio para seu pai, Jair Bolsonaro, junto a Donald Trump.
Esse grupo, que também integra o bloco de congressistas que vinha pressionando o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a colocar em votação o projeto que prevê a anistia, depara-se agora com a resistência em torno desse pleito no Congresso e com a percepção do empresariado de que Lula quer esperar o máximo para negociar com os EUA.
Para a ala bolsonarista, a anistia destravaria o pacote de sanções anunciado por Trump.
Até o momento, no entanto, nenhum dos congressistas consultados pelo Painel S.A. assume que pretende levar adiante o socorro aos empresários com as emendas.
Bastidores
Segundo relatos, parlamentares de partidos como PP e PL de Norte e Nordeste foram consultados por grandes empresários, especialmente do agronegócio, pedindo ajuda.
Produtores de frutas e de carnes estão neste grupo. Segundo relatos, eles reclamaram que não veem uma ação concreta do governo Lula para tentar negociar imediatamente as possíveis restrições e já dão como certas as perdas com suas exportações.
Avaliam que o Planalto quer esperar o máximo possível para responder a Trump e a proposta de criação de um fundo de ajuda pelo Ministério da Fazenda seria a principal evidência.
Nas conversas dos parlamentares com o empresariado, o uso de parte das emendas surgiu como alternativa. Para os congressistas, esta também seria uma forma de reverter o impacto político.
Com Stéfanie Rigamonti