Trump, o tirano que come bife estorricado com ketchup

Meses atrás, em Madri, topei no elevador do hotel com uma moça que estava na Espanha para a mesma feira gastronômica que fui visitar. Apresentamo-nos em inglês e, em seguida, perguntei de onde ela era.

"New York City", respondeu —americanos sempre respondem com a cidade ou estado de origem, como se os Estados Unidos fossem o mundo— e juntou as mãos para pedir desculpas repetidas vezes.

Donald Trump havia sido eleito presidente de novo, por isso o comportamento insólito da colega. Abri um sorriso e mandei um "deixa disso" ou algo assim.

Detalhe importante: o Laranja ainda não havia tomado posse. Se a mesma cena acontecesse agora, minha provável reação seria um impaciente "vou pensar no seu caso".

Embora não se possa culpar todos os americanos pela escolha de pouco mais de metade da população, fica difícil não se irritar com os EUA depois que eles enfiaram o mundo na pocilga em que estamos ora atolados.

Porque Donald Trump, tirano irracional a quem ninguém ousa impor limites, é a materialização grotesca e perversa do "American way".

Ele magnifica a soberba ignorante —em português rueiro, jequice— assaz atribuída a seus compatriotas.

Para ficar no âmbito usual desta coluna, falemos de seus hábitos à mesa: o sujeito come porcamente.

Por mais que nade na bufunfa feito o Tio Patinhas, o presidente vive à base de fast food —hambúrgueres safados, frango frito e oceanos de refrigerante.

Um mordomo de Trump em Mar-a-Lago uma vez disse à imprensa que o patrão gosta de bife muito bem passado, estorricado de fato, acompanhado apenas de ketchup.

Ao jornal inglês Daily Mail, o próprio Trump contou que, quando pede pizza, descarta a massa e come só o recheio.

Taí o sujeito que fez o mundo se ajoelhar no milho. Parabéns ao povo americano por tê-lo elegido.

Agora falemos de um americano bem mais bacana: o sanduíche americano, que aliás é brasileiro. Dizem que foi criado em meados do século passado no Salada Paulista, então um restaurante muito tradicional do centro de São Paulo.

Chama-se americano, muito provavelmente, porque unia bacon, presunto e ovos —um clássico do "breakfast" gringo. A receita que se popularizou nas padocas perdeu o bacon, uma lástima.

Eu, despoticamente, o coloco de volta. Quem vai me impedir? O Trump?

Sanduíche americano

Ingredientes

• 2 fatias de bacon
• 1 pão francês (ou 2 fatias de pão de forma)
• 2 fatias de presunto
• 2 fatias de queijo prato ou muçarela
• 1 ovo
• Alface e tomate em rodelas
• Sal a gosto

Preparo

• Aqueça uma chapa ou frigideira antiaderente em fogo médio. Frite o bacon na própria gordura. Reserve
• Toste ligeiramente o pão na gordura do bacon. Reserve
• Leve o presunto à chapa por cerca de 2 minutos. Vire, coloque o queijo por cima e deixe no fogo até derreter
• Monte o sanduíche com uma fatia de pão, a alface, o tomate com um pouco de sal, o bacon, o presunto e o queijo. Frite o ovo na mesma chapa, coloque por cima e cubra com a outra fatia de pão