XP descarta prejuízo 'macro' de Trump ao Brasil, mas vê dano 'no micro' a Embraer, Suzano e outras

2 dias atrás 10

A XP Investimentos distribuiu um relatório para clientes e investidores afirmando que o "impacto macro" da sobretaxa de 50% imposta por Donald Trump ao Brasil "não é tão significativo".

A corretora afirma, no entanto, ver "efeito micro e político" relevante na decisão do norte-americano.

O relatório ressalta que os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, tanto em exportações (12% do total) quanto em importações (15%).

"Apesar da relevância, a maior parte das exportações brasileiras são commodities, que podem acabar sendo redirecionadas para outros mercados, reduzindo o impacto potencial", diz o texto.

Algumas empresas, no entanto, estão mais expostas por venderem muito aos EUA, tendo parte significativa de sua receita proveniente do comércio com aquele país.

É o caso da Embraer, líder brasileira na fabricação de aeronaves comerciais, executivas, agrícolas e militares.

"A Embraer é a empresa com maior exposição potencial, caso tenha que absorver integralmente a tarifa de 50%, sem repassar ao consumidor", diz a XP.O relatório cita estimativas de que 23,8% das receitas da Embraer são provenientes de exportações para os EUA.

As ações da companhia caíram 8% nesta quinta (10), liderando as perdas na Bolsa brasileira.

Outras companhias com menor exposição, mas que igualmente podem ter problemas, são Suzano, WEG, CBA, Alpargatas, Minerva, Jalles e Tupy, entre outras.A XP analisou também o impacto, ainda que mais limitado, em diversos outros setores, como mineração e siderurgia, óleo, gás e petroquímico e até varejo.

"Em relação à nossa cobertura de Mineração & Siderurgia, vemos impactos diretos limitados, com exposição de receita variando entre 0% e 4%. CSN, CBA e Vale são as empresas com maior exposição (ainda que em níveis baixos), enquanto Aura (pela exposição ao ouro) e Gerdau (dada sua exposição doméstica ao mercado de aço nos EUA) devem ser as menos impactadas", diz o relatório.

No setor petrolífero, a XP diz que, "embora as exportações para os EUA representem atualmente cerca de 13% do total das exportações brasileiras de petróleo bruto, acreditamos que os efeitos podem ser facilmente mitigados pela redistribuição dos fluxos de exportação, dado que o petróleo é uma commodity líquida e com mercado global". O principal destino das exportações da Petrobras já é a China.

Até o setor de varejo, diz a XP, pode sofrer impactos.

"No caso da Alpargatas, as operações nos EUA representam cerca de 4% das vendas consolidadas, sendo que essa operação tem sido uma fonte de pressão sobre a rentabilidade da divisão americana, com a companhia tendo recentemente terceirizado sua distribuição no país. Quanto à Azzas, embora as operações nos EUA representem cerca de 10% das vendas, a maior parte está relacionada à Farm Global, cuja cadeia de suprimentos é majoritariamente baseada na China. Assim, apenas cerca de 1-2% das vendas devem ser impactadas pela medida anunciada".

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