Em meio à política tarifária de Donald Trump, o número de empresas brasileiras que investiram em companhias dos Estados Unidos via negócios de fusões e aquisições (M&As na sigla em inglês) subiu de 18 para 30 no primeiro semestre de 2025 ante o mesmo período do ano passado, uma alta de 66,7%. É o que mostra levantamento da TTR Data.
Os EUA foram o destino favorito de investimentos de empresas brasileiras em operações de fusão e aquisição no primeiro semestre. Depois aparecem Portugal e Espanha, com sete e seis operações, respectivamente.
Apesar da alta nas transações, o valor agregado dos M&As com empresas norte-americanas, que somou R$ 1,48 bilhão no primeiro semestre, recuou 76,6% ante o mesmo período de 2024. Isso mostra uma maior dispersão nos valores e um foco em transações de menor porte.
Segundo Marcela Chacón Sierra, porta-voz da TTR Data, esse cenário indica menos uma estratégia de crescimento e mais uma busca das empresas brasileiras por proteção.
Ela diz que o movimento pode estar diretamente ligado ao cenário global atual de incertezas comerciais e de retorno das políticas protecionistas nos EUA.
"Diante da reeleição de Donald Trump e sua agenda tarifária, é plausível que grupos brasileiros tenham antecipado decisões estratégicas de internacionalização, utilizando o M&A como ferramenta para garantir presença direta no mercado norte-americano", diz Sierra.
"Essa abordagem não apenas mitiga riscos regulatórios futuros, como também assegura acesso competitivo a um dos mercados mais estratégicos do mundo", completa.
Ela acrescenta que o ambiente macroeconômico brasileiro contribuiu para viabilizar essas operações. A valorização do real durante o semestre melhorou a capacidade financeira de compradores brasileiros no exterior.
"Setores como tecnologia, alimentos, serviços financeiros e software foram particularmente ativos, mesmo que o valor total não tenha atingido os níveis recordes de anos anteriores", diz.
M&As movimentam R$ 146 bilhões no Brasil
O mercado de fusões e aquisições brasileiro registrou 827 transações no primeiro semestre, mantendo-se praticamente estável ante o mesmo período de 2024. Em termos de valores, porém, as empresas transacionaram R$ 146 bilhões, uma elevação de 24%, segundo a TTR Data.
Do total das transações, 82% das operações já estão concluídas.
O setor de Internet, Software e Serviços de TI foi o mais ativo no período, com um total de 160 transações, representando um aumento de 1% em relação ao mesmo período de 2024. Em seguida está o setor imobiliário e o financeiro, com 78 e 62 transações, respectivamente.
Com Diego Felix
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