Até então acuado e sem discurso capaz de atrair o conjunto dos brasileiros, o governo viu na mão estendida involuntariamente por Donald Trump a chance de se reerguer. Precisa agora tratar de aproveitar o benefício e administrar a vantagem.
O presidente Luiz Inácio da Silva (PT) assumiu a dianteira na chamada batalha da comunicação, mas para perder essa condição não custa, caso se deixe levar pela onipotência e cometa a imprudência de menosprezar a capacidade de reação dos adversários. Internos e externos.
A direita está atordoada, colecionando perdas. Perdeu o timming da anistia no Congresso, ficou sem apoio dos presidentes da Câmara e do Senado, pôs numa saia justa um ativo do calibre do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e criou área de atrito com aliados do agronegócio.
Não bastasse, levantou no Supremo Tribunal Federal a suspeita de que Jair Bolsonaro (PL) possa fugir para os Estados Unidos e ainda dificultou a vida de Eduardo Bolsonaro (PL) na investigação da qual é alvo no STF.
No momento, Lula está de posse dos talheres. A conferir se aplicará estratégia e inteligência suficientes para se apoderar do queijo.
Trump já agrediu outros países e sofreu reveses. Elevou aos píncaros o prestígio da presidente do México e viu candidatos não alinhados às suas ideias se recuperarem e venceram eleições perdidas no Canadá e na Austrália.
Lula já deu a resposta política cabível. Daqui em diante precisa agir com engenho e arte. Na economia, a queda de braço com os EUA não nos favorece. Se houver muitos prejuízos, a oposição pode virar o jogo de versões e levar o presidente a pagar a conta, pois é dele a responsabilidade de não deixar o barco afundar.
Na política, a arena escolhida por Donald Trump, há a hora de falar e a hora de deixar o oponente bravatear até se enrolar nas próprias provocações. Lula é esperto nesse campo e Trump como vemos não é do ramo. Portanto é a ocasião propícia para petista ir ao baú antigo e resgatar de lá suas habilidades.