Departamento de Justiça sob Trump pede 1 dia de prisão para ex-policial condenado no caso Breonna Taylor

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A chefe de direitos civis do Departamento de Justiça dos Estados Unidos pediu a um juiz federal que sentencie um policial de Louisville condenado pelo assassinato de Breonna Taylor em 2020 a um dia de prisão —contrariando esforços do governo Joe Biden para lidar com racismo nas forças policiais americanas.

Em 2024, um júri federal no Kentucky condenou o agente Brett Hankison por uma acusação de violar os direitos civis de Taylor ao disparar vários tiros pela janela de sua casa durante uma operação antidrogas. Ele deve ser sentenciado na próxima semana, e pode ser condenado a pena máxima de prisão perpétua.

Breonna, uma paramédica negra que trabalha em Louisville, foi morta pela polícia dentro da própria casa em março de 2020 por agentes que cumpriam um mandado contra um ex-namorado por tráfico de drogas. Três policiais invadiram o apartamento depois da meia-noite, assustando Breonna e seu namorado, Kenneth Walker, que recebeu os policiais a tiros, acreditando que se tratava de um assalto.

Os agentes responderam com 22 disparos e mataram Breonna, que estava desarmada. Nenhuma droga foi encontrada no local. A morte de Breonna, que aconteceu meses antes do assassinato de George Floyd em Minneapolis, causou grandes protestos antirracistas e contra a violência policial nos Estados Unidos.

Nesta quarta-feira (16), Harmeet K. Dhillon, procuradora-geral assistente para direitos civis, pediu ao juiz do caso que sentenciasse Hankison ao tempo que ele já havia cumprido, além de um dia de prisão e três anos de liberdade supervisionada.

No documento, Dhillon sugeriu que a acusação foi excessiva, argumentando que o Departamento de Justiça sob Joe Biden condenou Hankison depois que ele foi absolvido das acusações estaduais e seu primeiro julgamento federal terminou anulado. Uma análise balística comprovou que os disparos que mataram Breonna não partiram da arma de Hankison.

"Neste caso, dois julgamentos federais foram necessários para obter um veredicto unânime de culpa", escreveu Dhillon —acrescentando que Hankison, que foi demitido de seu emprego há cinco anos, já havia pago por suas ações.

"O veredicto do júri quase certamente garantirá que o réu Hankison nunca mais atue como agente da lei e também provavelmente garantirá que ele nunca mais possua legalmente uma arma de fogo", escreveu.

Os pedidos em relação à penalização de réus são geralmente apresentados por promotores de carreira que trabalharam no respectivo caso. O documento desta quarta, no entanto, foi assinado somente por Dhillon, que ocupa cargo de confiança e é ativista veterana do Partido Republicano, com laços estreitos com o presidente Donald Trump.

O congressista Morgan McGarvey, um democrata do Kentucky cujo distrito inclui Louisville —onde o incidente ocorreu—, denunciou o pedido do Departamento de Justiça como "um dia sombrio para toda a nossa cidade".

"Brett Hankison disparou cegamente 10 tiros através de uma janela coberta para dentro da casa de Breonna Taylor", disse ele. "O fato de que o Departamento de Justiça de Donald Trump acha que a vida de Breonna Taylor vale apenas uma sentença de um dia de prisão é moralmente reprovável e profundamente insultante."

Samantha Trepel, do Centro Democrático dos Estados Unidos —uma organização bipartidária de funcionários locais que acompanha questões relacionadas a direitos civis—, instou o juiz a ignorar as recomendações, descrevendo o documento como "interferência política descarada e de última hora".

Hankison, que é branco, foi o único policial a ser acusado por suas ações durante a operação fracassada que provocou protestos em todo o país. Dois outros policiais, também brancos, dispararam os tiros que a mataram, mas nenhum deles foi acusado.

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O assassinato trouxe atenção nacional para os mandados "sem aviso prévio". Um juiz inicialmente aprovou um mandado assim para o apartamento de Taylor, mas os policiais foram posteriormente instruídos a se apresentarem. Não se sabe se eles cumpriram essa ordem ou não.

O chefe do Departamento de Polícia Metropolitana de Louisville foi demitido após os protestos pelo assassinato, e um relatório do Departamento de Justiça de 2023 constatou que o órgão havia demonstrado um padrão de discriminação contra pessoas negras.

Pouco depois de Trump ter tomado posse para seu segundo mandato, o Departamento de Justiça ordenou uma interrupção imediata de todos os novos casos ou investigações sobre direitos civis —e sinalizaram que poderiam desistir de acordos do governo Biden com departamentos de polícia que se envolveram em discriminação ou violência, de acordo com dois memorandos internos.

As ações, embora esperadas, representaram uma mudança abrupta para uma pasta que, nos últimos quatro anos, investigou agressivamente casos de violência e discriminação sistêmica em agências governamentais e forças policiais locais.

Em maio, Dhillon anunciou a desistência de acordos da era Biden com as cidades de Louisville e Minneapolis que visavam promulgar reformas policiais após o assassinato de Taylor e de George Floyd, chamando-os de "excessivamente amplos" e burocráticos.

Em uma declaração enviada à unidade relacionada aos direitos de voto, Dhillon orientou os advogados do departamento a erradicar fraudes eleitorais e processar imigrantes sem documentos que tentassem votar nas eleições americanas. Essas são ocorrências raras, apesar dos esforços dos republicanos de Trump para retratá-las como uma grande ameaça à integridade eleitoral.

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