O ex-médico da Casa Branca, que atendia o ex-presidente dos Estados Unidos Joe Biden, recusou-se nesta quarta-feira (9) a responder perguntas para uma investigação do Congresso americano liderada pelos republicanos sobre a lucidez mental do democrata.
Segundo a declaração que um de seus advogados leu durante a sessão, o médico Kevin O'Connor se reserva o direito de não responder com base tanto no sigilo médico-paciente quanto no seu direito à Quinta Emenda da Constituição contra a autoincriminação.
O’Connor atendeu o ex-presidente por quatro anos e foi intimado por parlamentares republicanos devido uma investigação sobre o presidente e sua equipe terem supostamente ocultado sinais de comprometimento cognitivo que o tornariam inapto ao exercício do cargo. A apuração também envolve o uso da autopen —instrumento comumente usado por presidentes para assinar documentos oficiais— e se ele teria sido empregado de forma indevida para validar ações sem o consentimento de Biden.
O dispositivo, que reproduz a assinatura presidencial de maneira mecânica, é legalmente aceito desde que tenha sido autorizado pelo presidente. Mesmo assim, aliados de Donald Trump vêm promovendo a tese de que Biden estaria em um estágio avançado de declínio mental, o que invalidaria legalmente decisões tomadas com o uso do instrumento.
O deputado James Comer, republicano eleito pelo Kentucky e presidente da comissão, criticou a postura de O’Connor, afirmando que sua recusa sugere tentativa de acobertamento. "Está claro que há uma conspiração para encobrir o declínio cognitivo do presidente", disse. "O povo americano exige transparência, mas o dr. O’Connor preferiu esconder a verdade."
Na resposta à comissão, o advogado do médico, David Schertler, citou o próprio Trump, que já invocou a Quinta Emenda em outros casos. Ele também destacou que o Departamento de Justiça conduz uma investigação criminal paralela sobre o uso da autopen, o que, segundo ele, obriga O’Connor a preservar suas garantias constitucionais.
Schertler enfatizou que o uso da Quinta Emenda "não implica que o dr. O’Connor tenha cometido qualquer crime". A defesa também questiona se os parlamentares respeitarão o sigilo médico, tema de uma carta enviada previamente à comissão.
Além de O’Connor, o comitê já convocou diversos nomes que ocuparam cargos estratégicos na Casa Branca, como Ron Klain, Mike Donilon, Anita Dunn, Bruce Reed e Steve Ricchetti. A primeira a depor foi Neera Tanden, ex-secretária de gabinete e conselheira de política interna de Biden. Outro aliado próximo, Anthony Bernal, assessor da ex-primeira-dama Jill Biden, não compareceu ao depoimento marcado no mês passado.
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Biden, 82, deixou o cargo em janeiro como o presidente mais velho da história americana. Durante seu mandato, o democrata enfrentou questionamentos sobre sua idade e sua saúde, o que acabou levando-o a abandonar sua campanha de reeleição.
Após um debate desastroso em junho do ano passado, no qual Biden parecia desorientado e apático, cresceram as pressões para que ele abrisse mão da candidatura. Kamala concorreu em seu lugar e perdeu para Trump em novembro do ano passado.