O Hamas afirmou nesta quarta-feira (9) que concorda com a libertação de dez reféns em meio às negociações para que o grupo terrorista e Israel cheguem a um acordo de cessar-fogo na guerra na Faixa de Gaza.
A facção palestina diz que as discussões têm sido duras devido ao que classificaram como intransigência de Tel Aviv. O Hamas assassinou 1.200 pessoas em 7 de outubro de 2023 e sequestrou 255, das quais 50 ainda estão em Gaza.
Segundo o grupo, as negociações têm diversos pontos discordantes que emperram avanço de uma trégua. Entre eles, de acordo com a facção, estão o fluxo de ajuda humanitária ao território, a retirada de tropas israelenses e "garantias genuínas" de um cessar-fogo permanente.
A última trégua no confronto que viu ataques de Israel devastarem Gaza e matarem até aqui quase 58 mil palestinos, segundo cifra de autoridades de saúde ligadas ao Hamas, sem diferenciar civis de combatentes, ocorreu de janeiro a março deste ano.
Após quase dois meses de um cessar-fogo, com troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos, Israel rompeu a trégua com ataques renovados a Gaza, em meio a discordâncias e acusações de lado a lado sobre como prosseguir com as fases subsequentes do acordo.
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Desde então, Tel Aviv bloqueou o acesso a ajuda humanitária no território e só o retomou através de uma organização controversa apoiada por Israel e Estados Unidos chamada Fundação Humanitária de Gaza. Em meio ao caos de retomada criticada por diversos países e pela ONU, ao menos 613 palestinos morreram tentando acessar o auxílio, segundo a ONU, que chamou o plano de "inerentemente não seguro".
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, afirmou nesta segunda-feira (8) que instruiu as Forças Armadas do país a preparar um plano para o estabelecimento de uma "cidade humanitária" na região de Rafah, que hoje está em ruínas, para abrigar toda a população da Faixa de Gaza.
Segundo Katz, o plano deve envolver inicialmente o deslocamento de 600 mil palestinos, principalmente provenientes hoje da área de al-Muwasi, no litoral sul do território. O ministro afirma que as pessoas deverão passar por uma triagem de segurança para entrar e, a partir de então, não terão permissão para sair. A ideia, disse o ministro, é construir o espaço durante o cessar-fogo de 60 dias que está em negociação entre o governo de Israel e o grupo Hamas.
Entidades humanitárias internacionais, inclusive órgãos das Nações Unidas, já criticaram as ações e planos de Israel, classificando-os como deslocamento forçado, já que militares israelenses têm esvaziado o norte do território com ordens de retirada de civis devido supostamente a operações contra o Hamas.