Mais influente jornal dos EUA, The New York Times é acusado de preconceito contra candidato a prefeito

2 dias atrás 9

O jornal The New York Times enfrenta uma intensa barragem de críticas por uma reportagem sobre Zohran Mamdani, o candidato democrata a prefeito de Nova York. A matéria foi publicada às pressas na quinta-feira (3) sob a manchete "Mamdani se identificou como asiático e afro-americano no formulário para vaga em universidade".

A reação veio feroz —de leitores, comentaristas e até de jornalistas do New York Times— a ponto de o jornal fechar a inundada seção de comentários no texto depois de 24 horas.

O declarado socialista Zohran Kwame Mamdani nasceu há 33 anos em Uganda e se mudou para Nova York aos 7, quando seu pai, expulso pelo ditador Idi Amin, tornou-se professor da Universidade de Columbia. Ele se naturalizou americano em 2018.

O pai é o respeitado indiano Mahmood Mamdani, historiador do período pós-colonial, um filho de muçulmanos de Gujarat. Sua mãe é a cineasta indiana Mira Nair. Portanto, Zohran é filho de nativos da Índia, aquele país asiático, e natural de Uganda, país que continua firmemente plantado no leste da África.

Ele tinha 17 anos quando preencheu o formulário que oferecia uma opção geral para "asiático" e outra para "negro ou afro-americano". O formulário privado foi obtido por hackers que violaram o sistema da Columbia. Mas a universidade negou a vaga, embora o pai do candidato já fosse professor titular da instituição.

Editores com bom senso concluiriam que se trata de uma não-notícia ou, no máximo, de uma curta menção noutra reportagem. Mas a malícia editorial do mais importante jornal em língua inglesa foi logo exposta quando, enterrada no 13º parágrafo da reportagem, está a informação de que a fonte intermediária dos repórteres era um cabra usando o pseudônimo "Crémieux" nas plataformas Substack e X, que o New York Times descreveu apenas como "um acadêmico que se opõe à ação afirmativa".

Mais tarde, reeditou online acrescentando "e que escreve com frequência sobre quociente de inteligência e raça." Mas o sujeito já havia sido identificado em público como Jordan Lasker, um orgulhoso racista amigo de neonazistas. Além de usar essa fonte podre, a pressa em publicar se deveu ao temor do jornal de ser furado pelo repugnante ativista conservador Christopher Russo.

Um colunista do jornal postou na rede Bluesky —e foi forçado a apagar— o comentário: "Acho que você devia avisar aos leitores se a sua fonte é um nazista."

Lá Fora

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A ex-ombudsman do New York Times Margaret Sullivan questionou se o jornal está em campanha para arruinar as chances de Zohran Mandani.

A resposta é sim porque, pouco antes da eleição primária que ele venceu em junho, o New York Times publicou um editorial declarando que não mais endossava candidatos, enquanto pediu aos leitores para não votarem no socialista. Foi um endosso implícito ao agressor sexual Andrew Cuomo, o ex-governador e único candidato com chance de vitória. O editorial foi alegadamente redigido por David Leonhardt, que não vive em Nova York há mais de 15 anos.

Na defensiva, o jornal publicou uma reportagem na terça (8) sobre como os americanos acham que sua identidade não cabe numa só categoria de formulário. "Tarde demais. O dano já foi feito pelo texto original e a manchete maliciosa", escrevi, e o meu comentário foi apagado pelo New York Times.

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