Para os grandes bancos, a era Trump está se mostrando lucrativa até agora

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Por anos, os principais banqueiros de Wall Street observaram com uma mistura de inveja e exaustão enquanto o poder, os lucros e a imaginação popular se deslocavam para o oeste, em direção ao Vale do Silício.

Estar fora dos holofotes, no entanto, está se mostrando lucrativo na segunda era Trump. Enquanto muitas indústrias foram afetadas pelas políticas comerciais e de imigração caóticas do presidente, Wall Street está silenciosamente funcionando muito bem.

Alguns dos maiores credores da América relataram fortes lucros trimestrais na terça-feira (15), junto com um otimismo crescente —ainda que cauteloso— de que a economia dos EUA tem mais espaço para crescer. Os relatórios foram um lembrete de que no mundo das altas finanças, a incerteza é frequentemente uma oportunidade para ganhar dinheiro.

O JPMorgan Chase, o maior banco do país, superou as expectativas dos analistas no segundo trimestre, ganhando cerca de US$ 15 bilhões. Importante destacar que sua receita com assessoria em negócios corporativos aumentou, contrariando as expectativas de queda em meio à incerteza sobre o comércio global. O banco creditou uma mudança no momento em que as tarifas mais extremas do presidente Donald Trump foram repetidamente adiadas, além da extensão dos benefícios fiscais corporativos.

O CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, cujas palavras são cuidadosamente analisadas em Wall Street, sugeriu um maior grau de otimismo em suas declarações preparadas. Enquanto suas observações no primeiro trimestre apontavam para "turbulência considerável (incluindo geopolítica)" na economia, ele mudou o tom na terça, dizendo que a economia estava "resiliente" e que "a finalização da reforma tributária e a potencial desregulamentação são positivas para as perspectivas econômicas".

O diretor financeiro do banco, Jeremy Barnum, resumiu o clima entre os clientes do banco em uma ligação com repórteres: "A comunidade corporativa de certa forma aceitou que simplesmente precisa superar isso".

As ações do JPMorgan ganharam cerca de 20% este ano, superando em muito o S&P 500, que subiu 6,5%.

Citi e Wells Fargo também divulgaram resultados na terça. O Wells Fargo anunciou um lucro de US$ 5,5 bilhões, um aumento de 12% em relação ao ano anterior. No mês passado, o Federal Reserve liberou o Wells Fargo do limite de ativos que o havia restringido por sete anos —uma penalidade imposta pelos reguladores em resposta ao escândalo de contas falsas do banco e outras irregularidades.

O CEO do Wells Fargo, Charles W. Scharf, previu boas condições para o banco. Após uma breve menção aos repórteres sobre riscos econômicos, ele disse que os clientes estavam se mantendo ativos e em dia com suas dívidas. O banco pretende aumentar seu dividendo em 12,5% no trimestre atual.

"Este é um momento incrivelmente interessante e divertido", disse Scharf aos analistas.

O diretor financeiro do Wells Fargo, Mike Santomassimo, disse aos repórteres que era muito cedo para julgar os efeitos das tarifas. "Acho que isso está fazendo com que alguns clientes sejam um pouco cautelosos em relação a empréstimos ou grandes investimentos que possam querer fazer", disse ele.

Os resultados dos grandes bancos são acompanhados de perto pelos investidores, tanto porque tradicionalmente iniciam a temporada de resultados trimestrais quanto porque fornecem uma janela para os gastos do consumidor. Esses dados foram mistos na terça: o Citi, que superou as expectativas de lucro, sinalizou uma piora no ambiente macroeconômico em comparação com um ano atrás, mas o JPMorgan disse que não acreditava mais que precisava reservar tanto dinheiro para se proteger contra futuras perdas com empréstimos.

"Francamente", disse Mark Mason, diretor financeiro do Citi, "o impacto das tarifas e como isso pode aparecer na inflação e quais podem ser algumas das outras consequências não intencionais ainda é desconhecido".

Espera-se que mais credores, incluindo os bancos de investimento Goldman Sachs e Morgan Stanley, divulguem seus resultados nesta quarta (16) e esclareçam ainda mais o status de fusões e aquisições, entre outras atividades corporativas.

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