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China, terra do meio
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A imagem da China melhorou entre latino-americanos, de acordo com uma pesquisa feita pelo Pew Research Center e divulgada nesta terça-feira (15).
O levantamento ouviu pessoas em 25 países e, no recorte da América Latina, incluiu Brasil, Argentina e México. Nos três países, os dados mostram uma tendência crescente de aprovação a Pequim.
- No Brasil, a fatia da população com visão favorável à China é de 51%. No México, 56% e na Argentina, 47%.
A pesquisa ouviu 3.833 pessoas entre janeiro e abril, antes e depois do anúncio de tarifas unilaterais pelo presidente dos EUA, medida que reacendeu críticas à política externa de Trump na região.
Ao avaliar laços econômicos, Brasil e Argentina ainda consideram os Estados Unidos como o parceiro mais importante. No México, a opinião fica dividida.
- No Brasil, 51% dos entrevistados dizem que é mais importante ter laços com os EUA, e 36%, com a China;
- Na Argentina, 49% valorizam mais a relação com Washington, e 33% com Pequim;
- No México, há um empate técnico: 44% priorizam os EUA economicamente, e 45%, a China.
Para entender a magnitude da mudança: dez anos atrás, somente 15% dos mexicanos viam a China dessa forma.
Em relação ao investimento chinês, a percepção varia: 63% dos mexicanos e 58% dos brasileiros veem como algo bom, porque gera empregos. Na Argentina, a parcela é de 40%, enquanto 49% avaliam negativamente, por acreditar que dá muita influência a Pequim em assuntos internos.
Por que importa: a pesquisa reforça a mudança de percepção nos últimos anos sobre o papel da China no Sul Global, incluindo a América Latina.
Embora os EUA ainda dominem como parceiro econômico preferencial, a melhora da imagem chinesa em meio ao retorno de Trump revela oportunidades para Pequim aprofundar sua influência na região, inclusive em temas sensíveis como investimento, dívida e relações comerciais.
Pare para ver
Pôster de propaganda de 1972 creditado a Zhang Yuqing, artista da província de Zhejiang, mostra a ponte construída sobre o rio Yangtze em Nanquim. Veja outros trabalhos dele aqui.
o que também importa
★ A Administração Estatal para Regulação do Mercado da China aprovou a compra da Ansys pela americana Synopsys por US$ 35 bilhões (R$ 196 bilhões). A companhia especializada em software de modelagem em engenharia é amplamente utilizada para design de semicondutores. O negócio, anunciado em janeiro, envolve empresas que juntas detêm até 75% do mercado chinês na área. A aprovação exige que mantenham contratos, fornecimento e interoperabilidade com clientes chineses por dez anos. A decisão ocorre após os EUA flexibilizarem restrições de exportação à China. União Europeia e Reino Unido já haviam aprovado a fusão sob condições semelhantes.
★ O presidente do Paraguai, Santiago Peña, reafirmou apoio incondicional a Taiwan, destacando a aliança de 68 anos como estratégica e baseada em valores democráticos. Em fórum empresarial em Assunção nesta segunda (14), Peña disse que o vínculo reflete a "política externa soberana do país". A fala acontece meses após a expulsão de um diplomata chinês acusado de pressionar parlamentares a romper com Taipei. O Paraguai, único país da América do Sul que mantém laços oficiais com Taiwan, resiste a pressões internas por aproximação com Pequim. Peña estudou em Taiwan e mantém apoio firme à ilha.
★ A Nvidia voltará a vender o chip H20 na China após sinal verde dos EUA, que garantiram a concessão de licenças para exportação. A entrega deve começar em breve e a Nvidia também lançará uma nova GPU RTX PRO (unidade de processamento) "totalmente compatível" com as restrições dos EUA, voltada a aplicações de gêmeos digitais em fábricas inteligentes e logística. O anúncio acontece durante visita do CEO da empresa, Jensen Huang, a Pequim, onde participará como convidado de honra de uma conferência sobre cadeias de suprimento.
fique de olho
A economia da China cresceu 5,2% no segundo trimestre de 2025, mantendo o país no rumo da meta oficial de crescimento de 5% para o ano.
O dado superou as previsões e animou o mercado financeiro, que esperava um número modesto diante das tarifas impostas pelos Estados Unidos. Ainda assim, analistas locais alertaram para sinais de potencial desaceleração nos próximos meses.
- Isso porque o consumo interno perdeu força, com queda nas vendas no varejo e no investimento privado, e o setor imobiliário continua fragilizado;
- O banco central anunciou que seguirá com política monetária moderadamente expansionista, mas resistirá a estímulos amplos no curto prazo, apostando em ajustes pontuais.
Enquanto isso, o comércio ajudou a impulsionar o PIB, com alta de 5,9% nas exportações no primeiro semestre.
Por que importa: mesmo com crescimento acima do esperado, a China ainda enfrenta riscos como deflação persistente, crise no setor imobiliário e tensões comerciais com os EUA.
O desempenho do segundo semestre será decisivo para definir se o país optará por medidas de estímulo mais robustas ou seguirá com ajustes graduais.
para ir a fundo
- A Prefeitura do Rio de Janeiro abriu a venda de ingressos para as apresentações do corpo de balé nacional da China. O grupo se apresenta na cidade em outubro e as entradas custam entre R$ 75 e R$ 400. Há também uma limitada quantidade de ingressos sociais, vendidos a R$ 25 com limitação por sessão. Saiba mais aqui.
- O São Paulo Expo, pavilhão de exposições no Jabaquara, recebe em setembro a China Homelife Brazil, maior feira de fabricantes chineses no país. O evento deve reunir mais de 800 expositores e 20 mil produtos. A entrada é gratuita. Saiba mais aqui.