O vídeo divulgado no último dia 7 pelo governo Donald Trump que mostra o lado de fora da cela de Jeffrey Epstein na noite em que ele foi encontrado morto foi editado e três minutos de duração sumiram, afirmou nesta terça-feira (15) a revista americana Wired.
A publicação de tecnologia consultou especialistas forenses e conduziu uma análise própria para determinar que o arquivo, que tem quase 11 horas, não foi publicado em seu estado bruto, como havia afirmado o FBI, a polícia federal americana.
Na verdade, o vídeo provavelmente foi criado juntando duas filmagens diferentes com o software de edição Adobe Premiere Pro, salvo várias vezes, exportado e então disponibilizado no site do Departamento de Justiça.
Essa análise foi publicada pela Wired na última sexta-feira (11). Nesta terça, a revista publicou outra, afirmando que a diferença entre os dois arquivos originais e o arquivo divulgado pelo FBI é de dois minutos e 53 segundos —sugerindo que parte da filmagem foi excluída.
O governo Trump enfrenta uma crise em sua base por causa do caso Epstein. O magnata foi preso em julho de 2019, acusado de tráfico de pessoas e abuso sexual de menores de idade, e tirou a própria vida dentro da cadeia em Nova York pouco mais de um mês depois, enquanto aguardava julgamento.
Sua morte gerou uma série de teorias da conspiração sugerindo que ele teria sido assassinado por interesses poderosos que desejavam esconder sua relação com o esquema de pedofilia e prostituição de menores operado por Epstein —o magnata era amigo de pessoas da elite política e financeira dos EUA e Reino Unido, como Bill Clinton, o príncipe Andrew e o próprio Donald Trump.
As teorias foram estimuladas ao longo dos anos por figuras importantes da base de Trump, incluindo várias que hoje ocupam cargos no governo, como o diretor do FBI, Kash Patel, e a secretária de Justiça, Pam Bondi, que disseram várias vezes que, se chegassem ao poder, publicariam a "lista de Epstein" —um suposto arquivo detalhando clientes do esquema de pedofilia do magnata.
Entretanto, no último dia 7, o FBI e o Departamento de Justiça, comandados por Patel e Bondi, vieram a público dizer que essa lista não existe, e que todas as provas indicam que Epstein morreu por suicídio. A admissão caiu como uma bomba entre trumpistas adeptos das teorias da conspiração, que agora afirmam que há um novo acobertamento em curso e exigem a publicação de todos os arquivos em poder do governo sobre o caso.
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Como parte de uma tentativa de provar que não há teorias da conspiração, o FBI publicou o que chamou do vídeo bruto, sem alterações, de uma câmera de segurança do Centro de Correções de Manhattan, a prisão onde Epstein estava. As imagens mostram o lado de fora da cela do magnata na noite em que ele foi encontrado morto. Se ele tivesse sido assassinado, seria possível ver alguém entrando na cela, afirmou a polícia federal americana.
Os especialistas consultados pela Wired sobre a alteração do arquivo divulgado pelo FBI afirmam que não é possível saber por que o vídeo foi editado, e que não há provas de que isso foi feito de má-fé. Ainda assim, o Departamento de Justiça não explicou as alterações, alimentando novas hipóteses conspiratórias.