Relatório preliminar sobre acidente da Air India indica corte brusco de combustível

16 horas atrás 7

Um relatório preliminar sobre o acidente com voo da Air India que matou 260 pessoas em junho mostrou que, três segundos após a decolagem, os interruptores responsáveis por cortar o combustível dos motores do avião foram quase simultaneamente movidos para a posição "cutoff" (corte).

O Boeing 787 Dreamliner imediatamente começou a perder potência e a descer, de acordo com o relatório divulgado neste sábado (12, ainda sexta no Brasil) pelos investigadores indianos de acidentes aéreos.

Um piloto pode ser ouvido no gravador de voz da cabine perguntando ao outro por que ele cortou o combustível. "O outro piloto respondeu que não o fez", diz o relatório.

O documento não identificou quais comentários foram feitos pelo comandante do voo e quais foram feitos pelo primeiro-oficial, nem qual piloto transmitiu o sinal de mayday (usado em emergências) momentos antes do acidente.

No local do acidente, ambos os interruptores de combustível foram encontrados na posição "run", e o relatório indicou que havia sinais de que os dois motores estavam sendo reacendidos antes do acidente em baixa altitude.

Os dois pilotos eram experientes, com cerca de 19 mil horas de voo somadas, incluindo mais de 9.000 no modelo 787 da Boeing.

O relatório preliminar também não explica como o interruptor poderia ter sido movido para a posição de corte no voo, que tinha Londres como destino, e origem na cidade indiana de Ahmedabad.

O especialista em segurança da aviação dos EUA Anthony Brickhouse afirmou que uma questão-chave é por que os interruptores foram movidos de uma maneira inconsistente com as operações normais.

"Eles se moveram sozinhos ou se moveram por causa dos pilotos? E se foram movidos por um piloto, por quê?", questiona ele.

O especialista em segurança da aviação dos EUA John Cox disse que um piloto não seria capaz de mover acidentalmente os interruptores de combustível que alimentam os motores. "Você não pode esbarrar neles e eles se moverem", afirmou.

A mudança para "cutoff" corta o funcionamento dos motores quase imediatamente. É mais frequentemente usado para desligar os motores quando um avião chegou ao portão do aeroporto e em certas situações de emergência, como um incêndio no motor. O relatório não indica que houve qualquer emergência que exigisse o corte de combustível do motor.

"Nesta fase da investigação, não há ações recomendadas para os operadores e fabricantes do Boeing 787-8 e/ou do motor GE GEnx-1B", disse o Departamento de Investigação de Acidentes Aéreos da Índia.

Air India, Boeing e GE Aerospace não responderam a pedidos de comentário da agência Reuters.

O departamento de investigação indiano, um escritório subordinado ao ministério da Aviação Civil da Índia, está liderando a apuração sobre o acidente aéreo mais mortal do mundo em uma década.

As duas caixas-pretas do avião, ambas combinando gravadores de voz da cabine e gravadores de dados de voo, foram recuperadas nos dias seguintes ao acidente e os dados posteriormente extraídos na Índia.

As caixas-pretas fornecem dados cruciais como altitude, velocidade do ar e conversas finais dos pilotos, que ajudam a restringir as possíveis causas do acidente.

A maioria dos acidentes aéreos é causada por múltiplos fatores, com um relatório preliminar esperado para 30 dias após o acidente, de acordo com as regras internacionais, e um relatório final que deve ser divulgado dentro de um ano.

Lá Fora

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A Air India tem estado sob intenso escrutínio desde o acidente.

A Agência Europeia para a Segurança da Aviação disse que planeja investigar sua companhia aérea de baixo custo, Air India Express, depois que a Reuters relatou que a transportadora não seguiu uma diretiva para trocar peças de motor de um Airbus A320 em tempo hábil e falsificou registros para mostrar suposta conformidade com a diretiva.

O órgão regulador da aviação da Índia também advertiu a Air India por violar regras ao voar com três aviões Airbus com verificações atrasadas nos escorregadores de escape e, em junho, alertou sobre "violações graves" dos horários de serviço dos pilotos.

O Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA (NTSB) recusou-se a comentar sobre a divulgação do relatório.

A presidente do NTSB, Jennifer Homendy, havia anteriormente instado o governo indiano a ser transparente no interesse da segurança da aviação.

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