Salvadorenho deportado por engano vai a tribunal após retornar aos Estados Unidos

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Kilmar Abrego, migrante levado aos Estados Unidos após ter sido deportado por engano para El Salvador, deve comparecer nesta quarta‑feira (16) a um tribunal sob acusações de tráfico de pessoas, enquanto permanecem incertos tanto o futuro do processo criminal quanto sua permanência no país.

Promotores querem convencer o juiz federal Waverly Crenshaw, em Nashville (Tennessee), a reverter a decisão que permitiu que Abrego aguardasse o julgamento em liberdade, sob fiança.

Mesmo que o juiz ordene sua soltura da custódia criminal —o que pode ocorrer já nesta quarta—, o governo do presidente Donald Trump afirmou que Abrego será imediatamente detido por autoridades migratórias e enfrentará uma segunda deportação.

Abrego, salvadorenho de 29 anos que vivia em Maryland, permanece num limbo jurídico há semanas, enquanto autoridades do governo Trump dão versões contraditórias sobre se ele será julgado nos EUA ou rapidamente removido do país outra vez.

Ele foi deportado e enviado à prisão em El Salvador no mês de março, apesar de uma ordem judicial de 2019 que proibia sua remoção por risco de perseguição de gangues no país da América Central.

O caso de Abrego se tornou um dos mais emblemáticos da ampla repressão migratória do governo Trump.

Grupos de direitos humanos e críticos da administração apontam o processo do salvadorenho como prova da disposição do governo de violar direitos legais e driblar os tribunais para deportar milhões de pessoas que vivem de forma ilegal nos EUA.

O governo, que descreve a imigração irregular como grave ameaça à segurança pública, afirma que Abrego integra a gangue MS‑13 —acusação negada por seus advogados.

O Departamento de Justiça trouxe Abrego de volta aos EUA no mês passado, depois de conseguir uma acusação formal que o vincula a um esquema de contrabando de pessoas para ingressar ilegalmente no país. Ele é acusado de buscar migrantes —inclusive crianças— perto da fronteira com o México e transportá‑los para vários locais dentro dos EUA.

Abrego declarou‑se inocente. Seus advogados dizem que o governo Trump apresentou as denúncias para encobrir violações de seus direitos.

Um magistrado determinou no mês passado que Abrego poderia responder em liberdade, concluindo que os promotores não provaram a necessidade de prisão preventiva. O Ministério Público recorre dessa decisão e pretende chamar, nesta quarta, um investigador do Departamento de Segurança Interna para depor sobre a investigação.

Em um pedido incomum, os advogados de Abrego solicitaram que o juiz adie a saída dele da custódia criminal até quarta‑feira, temendo que seja rapidamente deportado sem chance de contestar a remoção.

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