O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse neste sábado (26) que os líderes do Camboja e da Tailândia concordaram em se reunir para estabelecer um cessar-fogo após três dias de combates que deixaram mais de 30 mortos na fronteira entre os países asiáticos.
Em uma série de publicações nas redes sociais durante uma visita à Escócia, Trump disse que havia conversado com o primeiro-ministro cambojano, Hun Manet. e com o primeiro-ministro interino da Tailândia, Phumtham Wechayachai, e os advertiu que não faria acordos comerciais com nenhum deles se o conflito continuasse. "Ambas as partes estão buscando um cessar-fogo imediato e paz", escreveu Trump.
Antes da intervenção do republicano, os confrontos na fronteira continuavam pelo terceiro dia seguido, e novos focos de tensão surgiram no sábado, com ambos os lados afirmando que agiram em legítima defesa e pedindo ao outro que cessasse os combates e iniciasse negociações.
Mais de 30 pessoas foram mortas e mais de 130 mil pessoas foram deslocadas no pior confronto entre os vizinhos do Sudeste Asiático em 13 anos.
Houve confrontos no início deste sábado, disseram ambos os lados, na província costeira tailandesa de Trat e na província cambojana de Pursat, uma nova frente a mais de 100 km dos outros pontos de conflito ao longo da fronteira contestada.
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Os dois países se enfrentam desde a morte de um soldado cambojano no final de maio, durante uma breve escaramuça. Tropas de ambos os lados foram reforçadas em meio a uma crise diplomática total que levou o frágil governo de coalizão da Tailândia à beira do colapso.
Até sábado, a Bancoc informou que 7 soldados e 13 civis foram mortos nos confrontos, enquanto no Camboja 5 soldados e 8 civis foram mortos, disse a porta-voz do Ministério da Defesa, Maly Socheata.
Após pedidos de contenção de ambos os lados por parte dos principais assessores de Trump, o presidente americano se envolveu diretamente neste sábado, falando com cada líder e dizendo que transmitiu mensagens de um para o outro. "Quando tudo estiver concluído, e a paz estiver ao alcance, estou ansioso para concluir nossos acordos comerciais com ambos", disse Trump.
Em Kuala Lumpur, o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, presidente do bloco regional Asean, disse que continuaria a pressionar por uma proposta de cessar-fogo. O Camboja apoiou o plano de Anwar, enquanto a Tailândia disse que concordava com ele em princípio. "Ainda há alguma troca de tiros", disse Anwar, segundo a agência de notícias estatal Bernama.
Tailândia e Camboja têm discutido por décadas sobre a jurisdição de vários pontos não demarcados ao longo de sua fronteira terrestre de 817 km, com a propriedade dos antigos templos hindus Ta Moan Thom e o Preah Vihear do século 11 sendo centrais nas disputas.
Preah Vihear foi concedido ao Camboja pela Corte Internacional de Justiça em 1962, mas a tensão escalou em 2008 após o país tentar listá-lo como um patrimônio mundial da Unesco. Isso levou a escaramuças ao longo de vários anos e pelo menos uma dúzia de mortes.
O Camboja, em junho, disse que pediu à corte para resolver suas disputas com a Tailândia, que diz nunca ter reconhecido a jurisdição da corte e prefere uma abordagem bilateral.