Trump ameaça, sua carteira sente: como se proteger agora

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Dizem que quando dois elefantes brigam, quem sofre é a grama. E agora, com a ameaça de Donald Trump de impor tarifas sobre produtos brasileiros, o Brasil corre o risco de ser pisoteado pelas tensões eleitorais e comerciais dos Estados Unidos. Para o investidor brasileiro, o alerta é claro: mesmo decisões tomadas a milhares de quilômetros podem ter efeitos diretos sobre a sua carteira.

A ameaça global de Trump, feita em discurso no início do ano, reacendeu um clima de insegurança em relação à postura dos EUA no comércio internacional. No início, parecia que o Brasil estava voando baixo e pouco seria afetado. Isso despertou o interesse do capital estrangeiro que viu no Brasil uma potencial ilha de tranquilidade. Mas, a lua de mel acabou.

Ao incluir o Brasil como potencial alvo, Trump enviou recado não apenas ao governo brasileiro, mas ao capital estrangeiro que, diante de riscos adicionais, já começou a rever suas posições por aqui.

De janeiro a junho, a Bolsa brasileira acumulou uma alta expressiva, muito mais puxada pelo capital estrangeiro do que por fatores internos. Segundo dados da B3, o fluxo de investidores estrangeiros no primeiro semestre foi positivo em R$ 27 bilhões.

No entanto, só na primeira quinzena de julho, houve uma saída líquida de mais de R$4 bilhões. Esse movimento reflete uma mudança de percepção: se as tensões comerciais se intensificarem, o investidor global tende a buscar ativos considerados mais seguros e previsíveis — e o Brasil, com sua volatilidade política e fiscal, volta a ser visto como risco.

Pior ainda, o crescimento econômico do mercado americano tem ganhado força, a expectativa inicial de recessão foi afastada e há sinais de potencial corte de juros por lá, tirando ainda mais atenção e recursos do nosso mercado.

Diante disso, manter uma postura mais conservadora, reduzindo exposição a ações brasileiras pode ser uma estratégia prudente. Em tempos de juros altos, o custo de oportunidade de correr riscos desnecessários aumenta.

No câmbio, o impacto também já é perceptível. O dólar voltou a subir e pode se manter pressionado no curto prazo. Isso não significa uma desvalorização em espiral, até porque o Brasil ainda oferece uma das maiores taxas de juros do mundo, o que ajuda a segurar nossa moeda.

Mas o investidor e o turista precisam ficar atentos. Se você ainda pretende viajar nas férias de julho ou tem compromissos no exterior nos próximos meses, travar o câmbio agora pode ser uma boa ideia. As próximas semanas tendem a ser mais voláteis, e o custo da hesitação pode ser alto. Um dólar mais caro pesa no bolso de quem está pagando hospedagem e passagens em moeda estrangeira.

Por fim, os juros. Parte do mercado já esperava que uma eventual alternância de poder no próximo ano pudesse trazer uma política fiscal mais responsável e conter pressões inflacionárias no Brasil. Mas, como ocorreu em todos os países em que Trump atacou, o atual candidato ganhou mais apoio popular. Assim, o cenário de continuidade se intensifica. Isso implica em maior incerteza fiscal no Brasil, inflação mais resistente e, consequentemente, juros altos por mais tempo também por aqui.

A inflação brasileira, que já anda acima do centro da meta, tende a se manter pressionada. Nesse contexto, o Banco Central terá pouco espaço para cortes agressivos. Para o investidor, isso reforça a atratividade dos títulos pós-fixados atrelados ao CDI, que continuam oferecendo boa remuneração com baixo risco.

O investidor experiente sabe que momentos de turbulência são também momentos de oportunidade — mas não para todos. Como diria Epicteto, "não são as coisas que nos perturbam, mas a forma como reagimos a elas". Ajustar a carteira, rever posições e proteger objetivos de curto prazo não é alarmismo, é estratégia. Os elefantes continuam brigando. E você? Vai esperar ser pisoteado ou prefere preparar o terreno?

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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