Trump diz que pode visitar Xi Jinping em 'futuro não tão distante'

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Estaria Donald Trump a caminho da China? Segundo a Reuters, assessores do presidente dos Estados Unidos e do líder chinês, Xi Jinping, discutiram um possível encontro entre os dois.

O próprio Trump disse nesta terça-feira (22) que recebeu um convite de Xi Jinping e pretende viajar ao país asiático em "um futuro não tão distante".

Não há data definida para a visita, mas é possível que ela faça parte de uma viagem já programada de Trump à Ásia em outubro. Ele participará da reunião da Apec (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico) na Coreia do Sul.

  • Os lados discutem uma escala em Pequim antes da ida à Coreia ou, então, uma reunião às margens do evento, a exemplo do que fez Joe Biden em 2023 na Apec em San Francisco.

Outra possibilidade seria uma viagem à China para uma cerimônia que vai comemorar o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, marcada para 3 de setembro. O presidente russo, Vladimir Putin, planeja participar.

O comentário de Trump sobre uma visita acontece em um momento de intensificação das negociações comerciais entre os dois países. A China hoje é alvo do maior percentual de tarifas anunciado pela Casa Branca até o momento: todas as exportações estão sujeitas a taxas de 55%.

Representantes dos dois lados têm se encontrado frequentemente para negociações. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, confirmou que as conversas seguirão em Estocolmo, na Suécia, na semana que vem. Trump deu até 12 de agosto para que um acordo comercial entre os países seja alcançado, ameaçando aumentar as tarifas caso não seja possível um consenso.

Por que importa: até que o lado chinês se pronuncie, convém tratar o anúncio de Trump com cautela. Ao contrário do americano, Xi dificilmente aceitaria um encontro com propósitos meramente midiáticos.

Além disso, não é a primeira vez que o americano insiste em se reunir com o líder chinês. Xi foi convidado para a posse de Trump e para um desfile em Washington que celebrou o aniversário do exército dos EUA, mas que originalmente tinha sido pensado para comemorar o aniversário dos dois (Trump e Xi fazem aniversário com apenas um dia de diferença —14 e 15 de junho, respectivamente).

Se o encontro for confirmado, é sinal de que um acordo foi alcançado e, neste caso, o Brasil deve acompanhar de perto. Isso porque, da última vez que os dois países negociaram questões comerciais, a China se comprometeu a importar cotas altíssimas de soja de produtores americanos. A promessa não chegou a se concretizar, mas poderia reduzir a demanda chinesa pela leguminosa brasileira.


pare para ver

Cartum produzido pelo artista dissidente chinês Badiucao critica Trump por tarifas impostas a Taiwan. Badiucao é um crítico do regime na China e acusa o presidente americano de subserviência aos interesses de Pequim.


o que também importa

★ A chinesa CRRC Changchun apresentou um novo protótipo de trem maglev capaz de atingir 600 km/h. O modal é resultado de pesquisas iniciadas em 2020 e usa levitação magnética com tecnologia supercondutora eletrodinâmica, eliminando o atrito e permitindo alta velocidade. Com oito vagões e capacidade para 396 passageiros, o trem poderia operar mesmo sem energia por mais de uma hora. Seu design aerodinâmico e estrutura leve combinam alumínio de alta resistência e fibra de carbono. Uma pista de testes de 200 metros está em construção, com conclusão prevista para o fim do ano.

★ Os EUA acusam a China de impedir a saída do país de um funcionário americano do Escritório de Marcas e Patentes, que estava em uma viagem pessoal. O governo americano acompanha o caso e busca resolução com autoridades chinesas. Segundo o Washington Post, o funcionário teria omitido seu vínculo com o governo ao solicitar o visto. Pequim frequentemente usa proibições de saída em disputas civis, investigações e como pressão diplomática. Outro caso em desenvolvimento envolve Chenyue Mao, cidadã americana e executiva da Wells Fargo, que foi impedida de sair da China nesta semana por supostamente estar envolvida em investigação criminal. O banco suspendeu viagens ao país.

★ A China iniciou a construção de uma megausina hidrelétrica no rio Yarlung Zangbo, no Tibete, que poderá se tornar a maior fonte mundial desse tipo de energia. O projeto visa apoiar metas de neutralidade de carbono e desenvolvimento econômico regional. A ideia é que a energia seja enviada também a outras regiões, além de abastecer o Tibete. A Índia expressou preocupações sobre impactos no fluxo do rio depois da barragem, mas Pequim afirma que o projeto não causará danos. O rio, sagrado para os tibetanos, nasce em geleiras que abastecem 1,3 bilhão de pessoas em dez países. O custo da obra está estimado em cerca de US$ 167,1 bilhões (R$ 930,56 bilhões).


fique de olho

A Santa Sé e a China renovaram por mais quatro anos o acordo provisório sobre a nomeação de bispos, originalmente assinado em 2018. Esta é a terceira renovação do pacto, que buscou unir todos os bispos chineses em plena comunhão com o Papa.

  • O acordo pôs fim às ordenações sem consentimento papal e permitiu cerca de dez nomeações reconhecidas por ambas as partes.

O Vaticano destacou os "consensos alcançados" e reafirmou o compromisso com um "diálogo respeitoso e construtivo".

O anúncio da Igreja disse que a Santa Sé "permanece determinada a continuar o diálogo respeitoso e construtivo com a Parte Chinesa, para o desenvolvimento das relações bilaterais visando o bem da Igreja Católica no país e de todo o povo chinês".

Por que importa: o texto foi negociado pelo secretário de Estado do Vaticano —na época, um dos favoritos à sucessão de Francisco—, Pietro Parolin, e é alvo de duras críticas pela liderança da Igreja Católica há anos.

Isso porque os termos completos do acordo nunca foram divulgados pela Santa Sé e, na prática, deu ao Partido Comunista o poder de indicar os religiosos posteriormente referendados pelo Papa. Após a eleição do Papa Leão, havia dúvidas sobre a manutenção do texto.

para ir a fundo

  • O Instituto Confúcio da Unesp abriu inscrições para um concurso de fotografia com o tema "A modernização da China aos meus olhos". Com submissões abertas até meados de agosto, a competição vai premiar vencedores com telefones, tablets, smartwatches e fones de ouvido da Xiaomi. Saiba mais aqui.
  • Estão abertas as vendas de ingressos para as apresentações do corpo de balé nacional da China. O grupo se apresenta na cidade em outubro e as entradas custam entre R$ 75 e R$ 400. Há também uma limitada quantidade de ingressos sociais, vendidos a R$ 25 com limitação por sessão. Saiba mais aqui.
  • O São Paulo Expo, pavilhão de exposições no Jabaquara, recebe em setembro a China Homelife Brazil, maior feira de fabricantes chineses no país. O evento deve reunir mais de 800 expositores e 20 mil produtos. A entrada é gratuita. Saiba mais aqui.
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