Donald Trump é citado na lista de participantes de um livro comemorando o aniversário de 50 anos do magnata acusado de abuso sexual Jeffrey Epstein, aponta nesta quinta-feira (24) uma reportagem do jornal americano The New York Times.
Uma reportagem do Wall Street Journal do última dia 17 divulgou a existência de uma carta de tom sugestivo que faria parte desse livro de aniversário e que teria sido assinada por Trump. O material, que contém um desenho de uma mulher nua e a frase "que todo dia seja um maravilhoso segredo", integra documentos relacionados às investigações sobre a suposta rede de tráfico de pessoas e prostituição gerida por Epstein.
Trump negou veementemente a autoria da carta e processa o Wall Street Journal e seu dono, Rupert Murdoch, pedindo US$ 10 bilhões (R$ 55 bilhões) em danos morais. Entretanto, a reportagem do New York Times mostra que o presidente é citado como um dos amigos de Epstein que participaram do livro.
O livro inclui cartas de vários amigos de Epstein, escritas na ocasião de seu aniversário de 50 anos, em 2003, e foi elaborado por Ghislaine Maxwell, namorada e suposta cúmplice do magnata no esquema de tráfico sexual. Em uma mensagem apresentando o livro, Maxwell escreveu para Epstein que a ideia do livro era "estimular lembranças e colecionar histórias sobre pessoas, lugares e eventos diferentes".
A lista de participantes vista pelo New York Times inclui também Leslie H. Wexner, o dono da marca de lingerie Victoria's Secret, e outros amigos conhecidos de Epstein, como o médico Murray Gell-Mann e o empresário de Wall Street Alan C. Greenberg. A Casa Branca não respondeu a perguntas do New York Times.
Trump e Epstein se conheceram nos anos 1990, e tiveram uma amizade amplamente documentada em público que durou até meados dos anos 2000, quando os dois bilionários competiram para comprar uma mansão na Flórida. A disputa, em 2004, azedou a amizade, e, em 2008, Epstein foi acusado pela primeira vez de abuso sexual.
A reportagem do New York Times afirma ainda que Trump autografou seu livro "A Arte da Reviravolta" para Epstein em 1997, escrevendo na dedicatória: "Para Jeff: você é o maioral!", mostrando que, em pelo menos uma ocasião, o futuro presidente dos EUA deixou em escrito sua admiração pelo magnata.
O republicano nunca foi acusado de qualquer irregularidade relacionada ao caso Epstein e negou ter conhecimento dos abusos de jovens mulheres pelo magnata. Trump entrou em crise com sua base depois que seu governo se negou a publicar os arquivos da investigação, levantando suspeitas de que ele poderia estar escondendo algo.
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Nesta quarta-feira (23), a imprensa americana revelou que Trump foi informado pelo Departamento de Justiça que seu nome é mencionado nos arquivos do caso Epstein antes de o presidente decidir manter os documentos em sigilo.
A menção nos registros, por si só, não indica irregularidades ou envolvimento em atividades ilícitas. Em divulgações anteriores de materiais relacionados ao caso, o nome de Trump já havia aparecido, além de menções à família do republicano.
Nesta quinta, o Departamento de Justiça colheu novo depoimento de Ghislaine Maxwell, que foi condenada a 20 anos de prisão por seu envolvimento no esquema de prostituição de menores de idade operado por Epstein e está presa desde 2020. O conteúdo do depoimento não foi divulgado.